terça-feira, 23 de março de 2010

Serra "inaugura" demolições e maquetes em SP

Apavorado com a aproximação da candidata governista Dilma Roussef nas pesquisas à presidência, José Serra decidiu apelar de vez pra baixaria. Sem ter mais o que inventar pra aparecer, Serra aprontou hoje o maior show para a pura e simples demolição de um conjunto de imóveis na capital paulista, que diz ele, darão lugar no futuro a um novo teatro - detalhe, o tal teatro, se for mesmo feito, teria sua construção iniciada bem depois do fim do governo de Serra, só devendo ser inaugurado em 2013! Sem noção de ridículo, Serra "inaugurou" sua mais nova obra derrubando ele mesmo um muro de concreto com uma máquina de demolição enfeitada com um enorme adesivo amarelo do Governo de São Paulo. "Derrubar prédios é uma terapia", disse ele hilariamente do alto da máquina, antes de soltar mais algumas de dar risada: "Estamos no começo do começo da obra, mas logo estaremos no fim do começo", disse o tucano durante a realização do evento, onde além de brincar de passar o trator (seria essa sua diversão preferida?), Serra também assinou a autorização para o início da demolição.

Neste mês, Serra já havia inaugurado a maquete (!!?) de uma ponte em Santos, além de lançar na capital paulista a pedra fundamental virtual (????!!) de uma escola técnica estadual! Depois disso tudo, o que mais o desesperado governador deve aprontar pra ganhar votos? É esperar pra ver.

Sobre greves de fome e “dissidentes cubanos”.

Nas últimas semanas, a “comunidade internacional” e sua “mídia livre” têm dado especial destaque para a morte do preso cubano Orlando Zapata Tamoyo, ocorrida após meses de greve de fome. Imediatamente, Orlando foi tachado de “vítima” da “ditadura comunista” e proclamado como “mártir da liberdade” pelos agentes do capital. Porém, por detrás dos eternos interesses de classe da grande mídia capitalista, há histórias bem diferentes para se revelar.

Primeiro fato: a “vítima”, o prisioneiro Orlando Zapata.

Há muito a esclarecer sobre esse caso. Longe de ser um “preso político”, que nem a imprensa capitalista tem divulgado exaustivamente desde então, o fato é que Orlando Zapata não passava de um bandido comum, preso e condenado várias vezes nos últimos vinte anos por atos como agressão, invasão de domicílio e porte de armas. Seduzido pelas promessas de “heroísmo” dos mercenários pró-EUA, Orlando decidiu embarcar numa greve de fome suicida, exigindo entre outras coisas televisor e telefone em sua cela! Há quem diga no entanto que, em sua última prisão, Orlando foi encarcerado “por motivos políticos”. Porém, se for verdade, isso só serve para atestar o baixo caráter moral dos que lutam pela “mudança de regime” em Cuba, que de tão desmoralizados se veem obrigados a recrutar para as suas parcas fileiras bandidos comuns e de índole duvidosa. Como bem observou Marx no Dezoito de Brumário, o lúmpen-proletariado (a “escória” mais baixa da sociedade) é mesmo o segmento preferido no qual as forças reacionárias recrutam seus quadros sempre que carecem de legitimidade junto à sociedade. Mesmo assim, não é verdade também que Orlando não tenha recebido qualquer tratamento médico, pois ele de fato foi internado várias vezes e recebeu tratamento antes de vir a falecer. Orlando foi usado como "cordeiro de sacrifício" pela oposição mercenária e entreguista e convertido em “mártir” por estes e pela grande mídia capitalista, ambos desesperados por canonizar “heróis” para um movimento contra-revolucionário completamente desprovido de nomes e referências para sua “causa”.

Os “presos políticos” de Cuba.

Muito tem se falado também da situação dos “presos políticos” em Cuba, homens e mulheres “prisioneiros de consciência” na luta “por democracia”. Fica no entanto a pergunta: de que consciência estamos falando? E de que “democracia”? É a “consciência” de quem quer restaurar o luxo e a miséria da exploração capitalista em Cuba e reconverter a ilha em mera colônia dos EUA! E é a “democracia” dos ricos, em que candidatos se elegem não pelo número de votos mas sim pela quantidade de dinheiro que recebem dos capitalistas em suas “campanhas” fraudulentas!

Não se trata de negar a existência de presos políticos em Cuba, tampouco de negar o fato de que o mais avançado dos socialismos seria aquele em que ninguém precisasse ser preso por defender idéias, mesmo aquelas a favor da restauração capitalista. Mas nem sempre o ideal é possível. Cuba é talvez o último país socialista do mundo, e sofre pressões terríveis das forças contra-revolucionárias instaladas e financiadas pelos EUA, o grande Império do capitalismo mundial, situado a apenas alguns quilômetros da ilha. Também os problemas econômicos oriundos das deficiências do socialismo de Estado e do criminoso bloqueio norte-americano, somados à intensa campanha de hostilidades do capitalismo internacional contra Cuba, tornam a situação política na ilha de tal forma radicalizada e polarizada que se torna inaceitável ceder espaço para oposições radicais, capitalistas e de extrema direita. Falando concretamente, de que forma se dariam “eleições livres” em Cuba, ou como se criaria uma “livre imprensa” na ilha socialista? Da mesma forma que no leste europeu, em que as primeiras eleições pós-socialismo foram vencidas por oposições anticomunistas “turbinadas” por milhões de dólares de “ajuda” de “fundações para a democracia” de países do “mundo livre”, e em que a grande mídia estatal, uma vez privatizada, foi comprada por dinheiro obtido de “ajudas externas” e da corrupção pura e escancarada, sempre em favor da nova classe capitalista nascente.

Segundo fato: a greve de fome de uma presa política - no Brasil!

Um claro exemplo da tendenciosidade da “mídia livre” e de sua “democracia” vem do Brasil. Os mesmos jornalões que encheram a boca pra canonizar a “vítima” Orlando Zapata, ignoraram solenemente quando, na mesma época, a vereadora da pequena cidade paulista de Iaras, Rosimeire Serpa, junto com outros militantes sociais, era presa sem julgamento simplesmente por defender a justiça social no campo e se opor ao latifúndio. Acusada de envolvimento na ocupação das terras griladas da fazenda Cutrale, Rose foi detida sob “prisão preventiva” e entrou em greve de fome contra sua prisão injusta e arbitrária, tendo quase morrido por causa disso.

Sobre o caso da vereadora Rose, verdadeira dissidente e presa política, verdadeiramente lutando por uma causa justa, a favor das maiorias exploradas e empobrecidas - exatamente o oposto do que querem os verdadeiros interesses por trás da morte de Orlando Zapata - nem uma só palavra nos jornalões. Afinal, “vivemos em uma democracia”, não é verdade?

Mitos da mídia: menino asiático “soldado das FARC”

A grande mídia privada, no seu afã de tentar destruir politicamente todo e qualquer foco de contestação à ordem global capitalista, produz frequentemente situações realmente absurdas. Em janeiro, o jornal espanhol El Mundo publicou na internet a foto de um suposto soldado-mirim das FARC (a guerrilha marxista que luta há décadas para derrubar o autoritário regime oligárquico colombiano), que segundo a reportagem, estaria portando um fuzil soviético AK-47. Só que o que se vê claramente na foto é um menino asiático, provavelmente cambojano, portando um fuzil estadunidense M16!


Continuando, a reportagem traz outras insanidades que seriam de dar risada, não fosse o assunto tão sério. Segundo o jornal, haveriam cerca de “17.000 meninos portando fuzil na Colômbia”, isso quando o próprio ministério da defesa colombiano diz que as FARC têm no máximo 8.000 combatentes - de que lado então estão 17.000 meninos de fuzil?

Intencionalmente, o jornal espanhol fecha os olhos para a real situação das crianças na Colômbia, onde segundo a OIT 2 milhões de crianças se veem obrigadas a trabalhar para sobreviver, e onde, segundo ONGs e a União Europeia, outras milhares vivem nas ruas (nenhuma delas por sinal nas áreas da guerrilha). Pior, o mesmo jornal fecha os olhos quando na própria Espanha, crianças são flagradas portando armas, fornecidas pelo próprio Exército! Aconteceu nas Ilhas Canárias em maio passado (fotos abaixo), onde o regimento de infantaria Soria 9 “abriu suas portas” pra ensinar às crianças espanholas a brincar de guerra com armas de verdade. Hipócrita e hediondo, como só mesmo os agentes do capital conseguem ser.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Globo: “Chávez apóia as FARC e o ETA”. E o “rebanho”, como fica?

Dizem que Marx, quando perguntado da grande “imparcialidade” da imprensa capitalista, disse: “Acreditou-se que a proliferação dos mitos cristãos, sob o Império Romano, só fora possível porque a imprensa ainda não tinha sido inventada. Ao contrário, a imprensa [moderna] fabrica mais mitos num só dia do que nunca se pôde fazer outrora durante um século, e o rebanho burguês acredita em tudo e propaga.

Semelhante fenômeno se repete até os dias atuais, nas telinhas e nos jornalões, sempre que o assunto são os desafetos dos poderosos donos do capital. O mais recente exemplo a corroborar a sentença do velho filósofo alemão se viu esta noite no Jornal Nacional, da Rede Globo, que reverberando os jornalões da internet, pôs no ar uma das pérolas mais grotescas dos últimos tempos: citando “investigações da justiça espanhola”, a emissora acusou o presidente venezuelano, Hugo Chávez, de “dar apoio ao grupo terrorista basco ETA e à narcoguerrilha (sic) colombiana.” Simples assim, curto e grosso.

Não é de espantar que aos “srs.” da Globo seja tão difícil raciocinar sobre a veracidade de tais acusações, se perguntando primeiro no quanto é possível acreditar no regime espanhol, herdeiro da velha ditadura franquista, quando o assunto é a “guerra ao terror” de Madrid contra o separatismo basco. Há décadas que o “democrático” regime espanhol prende e reprime qualquer um que ouse levantar a bandeira da libertação do País Basco, tachando sistematicamente (e convenientemente) a todos que discordam da dominação espanhola de “possuírem ligações com o ETA.” Custa também à “cegueira” da Globo admitir o afã espanhol em desestabilizar e derrubar o governo Chávez, que vem ferindo seriamente os privilégios do grande capital espanhol na Venezuela ao expropriar empresas que não cumprem sua função social e especulam sobre a vida do povo. À Globo e aos jornalões custa inclusive enxergar o que raios, afinal, Chávez ganharia “apoiando o ETA desde que chegou a presidência”, em 1999... E sobre a acusação de “dar apoio” às FARC, aquela que, segundo a Globo, “contrabandeia drogas e controla grande parte da Colômbia” (mas como, a guerrilha não estava “destruída” mesmo??), custa também acreditar que Chávez forneceria “apoio” às forças beligerantes da Colômbia, justo ele que tantas vezes repudiou publicamente a luta armada como via de ação política... E como ficam tais acusações quando até mesmo o autoritário presidente colombiano, Álvaro Uribe – inimigo ferrenho de Chávez – declara não acreditar nelas?

Eis que, mais uma vez, somos testemunhas do poder da nossa mídia “livre” capitalista em fabricar mitos. No fim, tudo não passa de uma grosseira repetição da história: em primeiro lugar, repete-se pela total inversão de valores, tão característica dos jornalões; fabrica-se o mito de que a Venezuela “se intromete nas questões dos outros países”, quando é a própria Venezuela vitimada por constantes interferências do estrangeiro (como através das doações milionárias da organização estadunidense USAID para os grupos de oposição a Chávez); fabrica-se o mito de que Chávez “apóia o terrorismo” e planeja “assassinar presidentes da região”, quando é ele próprio vítima de complôs de assassinato, através de inúmeras incursões em solo venezuelano de paramilitares colombianos apoiados por Bogotá e os EUA; fabricam-se mais mitos ao afirmar-se que a Venezuela se converte em uma “ditadura” que “ataca a liberdade de expressão”, isso apesar da democratização do acesso à informação ter experimentado um salto enorme no país nos últimos anos, quando o número de canais de TV na Venezuela saltou de 31 privados e 8 públicos em 1998 para os atuais 65 privados, 37 comunitários e 12 públicos, conforme recente relatório da ONG Jornalistas pela Verdade para a União Européia.

E em segundo lugar, repete-se tanto pela insistência quanto pelo total despudor em se “fabricar” verdades: não é a primeira vez que se acusa a Venezuela de “apoiar as FARC”, de novo sem quaisquer provas, de novo porém “de forma inquestionável”. Como “inquestionável” foi quando se tentou fabricar o mito de que essa mesma FARC “financiava” a campanha eleitoral de Lula, ou quando os jornalões lograram construir o mito das “armas de destruição em massa” no Iraque. Ou, voltando-se mais no tempo, quando se reproduziam com sucesso mitos como o dos comunistas “comedores de criancinhas”... Mitos e mais mitos. Mostrar provas? Para quê? Como bem observou Marx, o “rebanho burguês” vai acreditar de qualquer jeito mesmo...