terça-feira, 29 de março de 2011

Irônico...

José Alencar, o ex-vice-presidente, o empresário que se tornou grande amigo do "partido dos trabalhadores" de Dilma e Lula, está morto. Ele mesmo que, num de seus raros momentos de presidente, liberou em 2003 a plantação dos alimentos geneticamente modificados (transgênicos) no Brasil. Além de destruirem a natureza, de atar as mãos do produtor perante laboratórios estrangeiros e de mandar às favelas urbanas milhares de trabalhadores rurais, muitos dos transgênicos de Alencar também provocam câncer, conforme várias vezes já se comprovou - e abafou-se a mando das Monsantos, Bunges e Syngentas que tanto lucram com a nossa comida geneticamente modificada. Eis então que o homem que assinou a disseminação do câncer no Brasil, acaba de morrer de complicações do câncer.

Ironias da vida e da morte.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Obama no Brasil: o que o "bom moço" quer afinal?

Essa não apareceu nem no rodapé dos jornalões. No mesmo dia em que o Conselho de Segurança das Nações Unidas autorizou, por iniciativa estadunidense, o uso de "todas as medidas necessárias" contra a Líbia, a fim de "proteger os civis líbios" do regime de Muamar Kadafi, no exato mesmo dia, um ataque da força aérea norte-americana em Datta Khel, norte do Paquistão, matou 44 pessoas, todos civis inocentes tachados de "talebans" pelo exército do Império... A covarde e brutal agressão gerou uma onda de revolta em todo o Paquistão, com milhares indo às ruas para gritar frases como "abaixo os EUA" e "amigos dos Estados Unidos são traidores".

Kadafi, é claro, tem que cair. Chega de tantos desmandos e de autoritarismo sobre o povo líbio. Mas defender os "direitos humanos" dos líbios é o que menos importa ao Império estadunidense, mais preocupado em garantir todo para si o petróleo líbio, não importando se para isso terá que tomar "todas as medidas necessárias", incluindo aí, por que não, lançar suas marionetes da OTAN à uma guerra de agressão que mate muito mais do que o próprio Kadafi. Muito além daquele velho discurso de "democracia e direitos humanos" que não engana mais ninguém, o valor que o Império dá à vida pode ser contado pelas almas não vingadas de Datta Khel.

O que mudou de Bush para Obama?

Uma semana atrás, Obama ordenou a reabertura dos "julgamentos" dos prisioneiros do odioso centro de torturas da base de Guantánamo, jogando uma pá de cal na sua promessa de campanha de fechar o centro de detenção criado especialmente por Bush para "processar terroristas" à margem de todas as leis internacionais e convenções de direitos humanos.

Vinte meses antes, Obama esteve no Cairo, Egito, propondo em um discurso histórico (sic) um "recomeço nas relações com o mundo árabe." No mesmo discurso, saudou seu "grande amigo", o então presidente egípcio Hosni Mubarak, o mesmo tirano corrupto e autoritário que o povo egípcio tão dificilmente derrubou mês passado, dando a entender que seu "recomeço" nas relações com os muçulmanos não passava de conversa pra camelo ver. As vítimas de Datta Khel, mais uma vez, depõem a respeito no julgamento da História.

E o obsceno "prêmio nobel da paz" concedido pela província imperial da Noruega ao comandante-em-chefe do mesmo exército que se afundava em duas guerras sangrentas no Oriente Médio, concedido a Obama pela simples "promessa" que ele representava, e recebido pelo "presidente do mundo" (o mundo por acaso o elegeu?) com ameaças de mais sangue e guerras. No fundo, o povo de Datta Khel já esperava...

Antes da sua eleição, muitos apostaram nele por acreditar na mudança; seus eleitores não tiveram medo do terrorismo midiático da extrema-direita gringa, que diziam que aquele "preto" acabaria por "trazer o socialismo" aos Estados Unidos, o que na psique ianque equivale a dizer ele faria o reino de Lúcifer na Terra. Elegeram-no mesmo assim. Acreditaram que a "esperança venceria o medo". Hoje podemos dizer que o medo no fim das contas venceu realmente. Alguma semelhança com o que vemos hoje no Brasil, "companheira" Dilma?! Não é à toa que "a mulher do PT" convidou o "negro presidente" para esta visita, ambos se entendem: souberam aglutinar para si o apoio da maior parte do poder econômico de seus países para se alçarem ao governo, lembrando a este mesmo poder que, de tempos em tempos, é preciso que algo mude para que tudo permaneça como está.

América rebelde: o Império tem raiva

Nas reportagens da mídia oficial tupiniquim, uma certeza: ouviremos mais um "discurso histórico" este fim de semana, desta vez um "recomeço" nas relações do amigo do norte com a América Latina... Eles continuam a pensar que nós "cucarachas" somos otários? Depois do golpe em Honduras, articulado pela embaixada ianque bem no início do mandato do "bom moço"? E o bloqueio contra Cuba, crime de guerra pela Convenção de Genebra contra o qual Obama nada fez? E as sete bases militares na Colômbia, com as quais Obama irá cercar a Amazônia brasileira? Com esse currículo, eles ainda terão a cara de pau de nos dizer na televisão e nos jornalões que Obama vem para nos dar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU? Claro, o Império nada quer com o pré-sal... O que ganha afinal essa nossa "mídia livre" para continuar a repetir com tanta subserviência ladainhas de louvor ao inimigo?

Certo mesmo é que o Império continua apostando no Brasil para conter as "más influências" de países como Venezuela e Bolívia (cheia de moral com o patrão, hein "companheira" Dilma?), mas ainda mais certo é que, indepedente do caminho que Dilma escolher, Obama fracassará nesse intento, da mesma forma que Bush. O Império está com raiva: a cada ano que passa, as forças progressistas acumulam força na região e a América Latina escapa cada vez mais aos dedos ianques.

E a Obama, o que nós diremos?

Obama estará no Brasil este fim de semana. Seguiremos o contra-exemplo do Conselho de Segurança, dos vassalos europeus e de tantos tiranos corruptos mundo afora, nos curvando também ao "bom moço" que preside tantas barbáries? Ou teremos a dignidade de indagar o sr. Obama protestando nas ruas com a pergunta que não quer calar: até quando tanto maquiavelismo, tanta hipocrisia, tantos crimes?

segunda-feira, 14 de março de 2011

A Líbia bombardeada e o futuro da revolução democrática no mundo árabe

Há algumas semanas a Líbia tornou-se a bola da vez na impressionante sequência de revoluções que varrem o mundo muçulmano, a mesma Líbia que ficou famosa uma década atrás ao ter uma fábrica de remédios confundida por "indústria de armas de destruição em massa" pelos bombardeios do Império estadunidense, e que agora, de acordo com a grande mídia internacional, estaria bombardeando o seu próprio povo para tentar em vão parar a onda revolucionária.

Kadafi é um tirano, um autocrata que no passado ajudou terroristas a chacinar civis inocentes às centenas, como no caso da explosão do voo da Pan Am em 1988, e que nos últimos anos renunciou aos seus próprios princípios para entregar seu país ao grande capital estrangeiro. Seu tempo já passou, como já passou o dos demais autocratas do mundo árabe. Mas isso não significa que não possamos ficar preocupados com o que as potências capitalistas planejam para a Líbia.

Seria coincidência o fato das potências capitalistas romperem relações com Trípoli e reconhecerem a insurgência como o novo "legítimo representante" da Líbia imediatamente depois de Kadafi anunciar à ONU que está aberto para receber uma comissão estrangeira para averiguar a situação da violência no país? Seria coincidência o fato da OTAN cogitar unilateralmente a realização de ataques contra a Líbia, passando por cima da comunidade internacional, justamente quando o exército líbio começa a vencer suas primeiras batalhas contra os rebeldes? O afã dos Estados Unidos e da sua OTAN em derrubar Kadafi o quanto antes teria a ver com o anúncio do governo líbio de que, uma vez resolvido o conflito, iria-se rever os contratos das petroleiras da Europa e da América do Norte no país, em benefício de empresas chinesas? Ou pior, estariam as potências capitalistas com medo de "perder a oportunidade" de "se livrar" de Kadafi e das supostas provas de envolvimento do "ocidente" na onda de violência que precipitou a guerra civil? Se não, por que a OTAN (leia-se Estados Unidos) tem tanta pressa de impor "zonas de exclusão aérea" e outras formas de envolvimento direto no conflito, quando quem tem que decidir a respeito é a comunidade internacional?

É preciso ressaltar que a questão vai muito além de tão somente não deixar o Império "atropelar" outra vez a vontade do mundo. Tem a ver com o futuro da Líbia, de seu povo e de seus recursos naturais, incluindo aí uma das maiores reservas de petróleo do planeta. Não custa perguntar, o que a força insurgente líbia ofereceu às potências capitalistas para poder ser reconhecida como "legítimo representante" do povo líbio? Tem algo a ver com o futuro novo governo que eles, e não o povo, planejam para a Líbia? Depois da pilhagem desavergonhada que os ianques fizeram sobre o petróleo do Iraque invadido e ainda hoje ocupado, passando autoritariamente por cima da ONU e das leis internacionais, que garantia temos que a pretensa "polícia do mundo", sempre contando com a traição de elites locais brutais e corruptas, não irá roubar outro país inteiramente para si?

Estas são as razões pelas quais a comunidade internacional, representada pela ONU, e não a força de agressão aos povos e às leis internacionais que é a OTAN, é quem deve fiscalizar o processo de transição na Líbia pós-Kadafi. Só assim pode-se haver um mínimo de possibilidade de que a voz do povo líbio se faça ouvir no novo governo, e que não estejamos a ver na Líbia um retrocesso, a implantação de outro regime fantoche do imperialismo, justo num momento em que tais regimes caem um atrás do outro por todo o mundo árabe.

O povo debate nas ruas o futuro de Cuba

Nos bairros, nos comitês partidários e nos locais de trabalho de todas as cidades por toda a Ilha, o povo já vem há meses discutindo as propostas para o Congresso do Partido Comunista de Cuba, que deverá sinalizar a maior onda de transformações na economia socialista desde a Revolução de 1959. Uma lição de participação popular a todos que dividem o mundo de maneira simplista entre "ditaduras" e "democracias".

por Ernesto Almaguer
Fonte: La Isla Desconocida
Tradução: Robson Luiz Ceron

Em algum canto da capital cubana, houve muito barulho naquela noite. Vários vizinhos trouxeram suas próprias cadeiras, uma mesa; o presidente do comitê colocou em cima de uma varanda nossa gloriosa bandeira cubana.

Alguém perguntou:
- A bandeira na reunião?
- Claro, Chico, se este é o Congresso do bairro! - outro respondeu.

Não era um comício romano; o povo não estava dividido em centúrias ou em tribos; não havia prerrogativas para alguns e limites para outros; todos puderam expressar suas opiniões acerca do Projeto de Diretrizes do Partido e da Revolução.

Para além das formalidades que poderiam ser estabelecidas em um debate tão importante - dirigido a projetar o futuro econômico de uma nação - o clima era agradável, sem rigidez. Alguns até sorriam com certas opiniões pitorescas que caracterizam os cubanos. Afinal, a discussão era entre vizinhos ou o que é o mesmo, em casa.

Uma companheira, com uma trajetória revolucionária comprovada, sugeriu o fortalecimento do trabalho no campo, chamou todos à reflexão, a necessidade de trabalhar, de produzir mais, relembrou suas origens camponesas e implorou por um esforço para melhorar a agricultura e, assim, recuperar os bananais bien machos!(1)

Todos deram a sua contribuição, todos sabiam a importância de expressar seus pontos de vista. Ali estava o trabalhador, a dona de casa, os jovens, os trabalhadores por conta própria, o médico, o cientista, o soldado, em suma, o povo.

Alguém que nunca participará das assembléias de bairro pediu a palavra: falou que a Revolução precisa receber suas propostas e surpreendeu a todos com uma interessante análise sobre como poupar matrizes energéticas.

Enquanto isso, os inimigos da Revolução, agora, sonham em transformar Cuba "em um Egito". Convocam o povo a tomar às ruas e "pacificamente" protestar por uma verdadeira democracia, do tipo que padeceu este país quando apêndice dos Estados Unidos. A arrogância os faz esquecerem que este povo é dono das ruas desde 1959.

Certamente, a cada dia fica mais difícil a concorrência nestas "atividades" {mercenárias - NT} (que não são exatamente por conta própria). A necessidade de liderança para ver quem fica com o maior pedaço do bolo os faz perder toda a perspectiva da realidade e que mesmo todo o ouro do mundo, não vai comprar a dignidade dos cubanos.

Embora a mídia internacional não reconheça que Cuba está realizando um processo de debate popular - único no mundo! - nós continuaremos a lutar para construir um futuro melhor para nossos filhos, um Socialismo cada vez mais forte e com este espírito, comemoraremos os 50 anos da primeira derrota do imperialismo ianque na América Latina e o VI Congresso do Partido, que já caminha nos locais de trabalho e nas comunidades cubanas.

terça-feira, 8 de março de 2011

Acidentes em minas no Chile já mataram onze desde resgate de mineiros

Fonte: http://www.correiocidadania.com.br/content/view/5563/9/

Onze trabalhadores de minas morreram em dez acidentes no Chile desde outubro de 2010, data do resgate dos 33 mineiros que ficaram 69 dias presos a 700 metros de profundidade na jazida San José, em Copiapó, no deserto do Atacama.

"Apesar do acidente da mina San José, que demonstrou o que estava se passando com a mineração, até agora não houve grandes avanços nas soluções dos problemas que temos denunciado", reclamou Néstor Jorquera, presidente da Confederação Mineira, ao jornal chileno La Tercera.

O Serviço Nacional de Geologia e Mineração (Sernageomin) informou que os acidentes mais comuns ocorrem pela queda de placas, desmoronamentos e explosões. O último ocorreu nesta segunda-feira (28/02), quando uma explosão na jazida Montecristo, localizada a 70 quilômetros da cidade de Taltal, provocou a morte de Jordan Araya, de 19 anos.

Quatro dos dez acidentes que ocorreram nos últimos quatro anos aconteceram somente em 2011, segundo a estatística do Sernageomin, afetando as minas Sonia III, Pirquén El Arrayán, Bellavista e Lautaro Sur-Amolanas, todas no norte do Chile.

"Durante o ano de 2010, Atacama foi a região com maior quantidade de acidentes fatais na mineração. Foram 13 de 45, ou seja, 28,9% dos acidentes em nível nacional" ocorreram no Atacama, detalhou a entidade. As 45 mortes de trabalhadores aconteceram em 41 acidentes, enquanto em 2009 houve 35 falecimentos contra 43 no ano anterior.

A mineração chilena conta com 82,9% de recursos estrangeiros autorizados, com um total de 23 iniciativas por um montante de US$ 1,98 bilhão.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), já ocorreram mais de 200 acidentes semelhantes na América Latina. O setor mineiro emprega cerca de 1% da força de trabalho do mundo, e produz 8% dos acidentes laborais graves.

Após o acidente com os 32 chilenos e um boliviano, ocorrido em 5 de agosto de 2010 em Copiapó, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, prometeu que iria modificar as leis trabalhistas para melhorar as garantias de trabalho nas jazidas.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Luta de classes no coração do capitalismo

Sob o silêncio quase total da grande mídia, a mais de duas semanas servidores públicos do Estado norte-americano de Wisconsin movem uma gigantesca onda de protestos contra um projeto de lei do governador local, que pretende cortar benefícios e destruir o movimento sindical. Por mais que se falem em "modernidades", desde os tempos de Marx é sempre a mesma história: o capitalismo entra em crise, tenta pô-la nas costas dos trabalhadores e estes reagem - e o fazem até mesmo no "primeiro mundo".

Fonte: www.parana-online.com.br

22/02/2011

O governador do Estado norte-americano do Wisconsin, Scott Walker, disse que os funcionários públicos estaduais poderão começar a receber notificações de demissão a partir da próxima semana se não for aprovado logo o projeto de lei que elimina o direito à negociação coletiva de contratos de trabalho, o que na prática equivale ao fim do direito de sindicalização.

Segundo o jornal Houston Chronicle, cerca de 70 mil manifestantes continuavam ocupando hoje o centro de Madison, a capital de Wisconsin, para pressionar contra a aprovação desse projeto. É o oitavo dia consecutivo de protestos contra o projeto de Walker, do Partido Republicano, que foi eleito no ano passado.

Toda a bancada do Partido Democrata no Legislativo de Wisconsin deixou o Estado na quinta-feira passada, de modo a negar quórum para a votação desse projeto. A maioria foi para o vizinho Illinois.

A proposta de eliminar o direito à negociação coletiva foi incluída no projeto de Orçamento apresentado por Walker. Os sindicatos dos servidores públicos fizeram a oferta de aceitar cortes em suas pensões e benefícios de saúde em troca da manutenção do direito à sindicalização, mas o governador não aceitou. O projeto de Walker também inclui a autorização para que o governador privatize as usinas de energia elétrica de Wisconsin sem necessidade de licitação.

Segundo a revista local Week, médicos da Universidade de Wisconsin estão dando atestados médicos para os servidores que estão participando dos protestos. A pizzaria local Ian's Pizza recebeu contribuições via internet de simpatizantes em 30 estados norte-americanos e em 14 países, entre eles o Egito.

No Estado de Indiana, os deputados do Partido Democrata também estão negando quórum para a votação de um projeto de lei do governador Mitch Daniels (Partido Republicano), que proíbe uma forma de negociação de contratos coletivos de trabalho pela qual trabalhadores não sindicalizados devem pagar uma comissão de representação ao sindicato.

Segundo o jornal Indianapolis Star, a maioria dos deputados democratas foi para Illinois e alguns seguiram para o Kentucky, Estados cujos governadores são do Partido Democrata. Com isso, eles evitam ser detidos por polícias locais que os enviariam de volta para Indiana.