sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer: uma legenda comunista para a história

(fonte: www.pcb.org.br)
 
Os mundos das artes, da cultura do trabalho perderam o legendário arquiteto e comunista Oscar Niemeyer. Figura da maior grandeza, que marcou o século XX com a sua arte e ciência, mas também com as ideias pelas quais lutava com convicção.

O arquiteto comunista, com seus traços, colocou o Brasil na modernidade do mundo. Sua obra marcou a arquitetura na Europa, na África, na Ásia, no Líbano e na América. Sua genialidade se espalhou pelo Brasil em obras que refletiam as curvas, a luz e a suavidade da liberdade no traço do concreto que era erguido pelos trabalhadores, em prol dos quais lutou por toda uma vida. Ao projetar Brasília, Niemeyer afirmava que não bastava criar uma cidade, era preciso mudar o sistema que apartava os trabalhadores de sua obra.

Mas o homem, militante comunista, tinha a estatura de sua obra. Entrou para o nosso Partido em 1945, lutou contra a repressão da ditadura militar, sendo desterrado para a França. Lá militou no Partido dos fuzilados, dos que heroicamente resistiram ao nazismo, o histórico Partido Comunista Francês, sendo o construtor da sede daqueles comunistas.

Sempre esteve ao lado do progresso da humanidade. Apoiou a revolução bolchevique e o Estado operário na URSS, sempre esteve ao lado de Cuba socialista, e quando a revolução democrática e socialista venceu a opressão na Argélia, para lá foi o militante comunista brasileiro, construir universidades e prédios para atender aos interesses dos trabalhadores.

Niemeyer esteve ao lado de gigantes do século XX: foi amigo dos comunistas Fidel Castro, Pablo Neruda, Luiz Carlos Prestes, Jorge Amado, Jean-Paul Sartre e José Saramago. Apoiou todas as lutas dos trabalhadores em seu tempo, militante sempre solidário, altivo e disposto a lutar pelo socialismo.

Quando o nosso Partido foi atacado pelo liquidacionismo, no IX congresso em 1991, lá estava ele, no plenário do auditório da UERJ para dizer: “Enquanto houver miséria e opressão, ser comunista é a nossa decisão”.

Após a ruptura com os liquidacionistas, que viraram as costas para a história, em 1992, Oscar Niemeyer foi eleito o presidente de honra do PCB.

Sua luta, sua história, seu compromisso com o marxismo e o socialismo, assim como a sua arte e ciência marcaram indelevelmente a memória do tempo presente.

Camarada Oscar Niemeyer, presente!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Visões sobre o socialismo que guiam as atuais mudanças em Cuba

Este trabalho identifica as três principais posições, ou visões, do socialismo em Cuba que estão a influenciar as atuais mudanças: a estatista, a economicista e a auto-gestionária.
por Camila Piñeiro Harnecker *
Fonte: www.temas.cult.cu
A forma que vier a tomar o novo modelo cubano dependerá da influência relativa das diferentes maneiras de entender o socialismo e visualizar o futuro de Cuba. Ainda que estas posições ou correntes de pensamento, no geral, coincidam que, a longo prazo, o principal objectivo deve ser uma sociedade mais justa e liberta das dificuldades económicas que hoje enfrentamos, diferem claramente na sua forma de entender a justiça e a liberdade, portanto o socialismo. Em boa medida partilham o sintomático diagnóstico da situação actual, mas identificam diferentes causas de fundo e soluções para esses problemas. Assim, tendem a estabelecer diferentes metas a curto e médio prazo e, ainda mais importante, a propor diversos meios para alcançar estes objectivos pelo que – ainda que nem sempre se reconheça – levam-nos a diferentes estágios.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

James Holmes, um consumidor

Por Carlos Latuff (fonte: Carta Capital)

Novamente o mundo assiste perplexo a mais um massacre nos Estados Unidos. E, novamente, a sociedade estadunidense chora seus mortos. Nenhuma novidade. Lá são inúmeros os casos de pessoas, aparentemente insuspeitas, que planejaram cuidadosamente cada detalhe de uma chacina e a colocaram em prática com itens encontrados em estabelecimentos comerciais.

No dia 20 de julho, um jovem de nome James Holmes, equipado com colete balístico, capacete, máscara contra gases e armado de pistola, escopeta e fuzil, entrou num cinema em Aurora, no Colorado, lançou bombas de fumaça e atirou contra os espectadores matando 12 deles e ferindo outras dezenas. De acordo com a polícia, James Holmes não tinha antecendentes criminais, o que significa dizer que até o dia do massacre James não infringiu a lei, fora uma multa de trânsito em 2011. O jovem não comprou o armamento e a munição das mãos de traficantes ou contrabandistas. Tudo foi adquirido legalmente em lojas estabelecidas.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Fidel e a Rio+20

Hoje, nesses dias de conferência mundial no Rio de Janeiro, com o tema "desenvolvimento sustentável" na moda lá e em toda parte, políticos, governantes e empresários do mundo inteiro falando da boca pra fora sobre preservar a natureza, combater o aquecimento global, etc, é uma boa hora para relembrar o que há exatos vinte anos atrás o então chefe de Estado de um país pequeno, isolado à força pelo capitalismo, disse quase em tom profético sobre o futuro do meio ambiente, uma voz dissonante na então Eco-Rio-92 a botar o dedo na ferida pra indicar o que é de fato desenvolvimento sustentável.


E com tudo isso, ainda há aqueles mais fanáticos à direita que teimam em dizer que Cuba e a sua revolução socialista nada teriam a acrescentar ao mundo...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Veja no que deu

Fonte: blog do Juremir (Correio do Povo) 

Caiu a casa. Aquela que se considerava a última flor da ética extinguiu-se com uma conversa telefônica interceptada. A revista Veja, órgão quase oficial da direita brasileira, desabou no último domingo à noite. A reportagem do "Domingo Espetacular", da Rede Record, soou como um dobrar de sinos para uma publicação acostumada a ditar as regras, manipular e acabar com reputações nem sempre com razão. Aos poucos, a revista que ajudou a revelar o mensalão petista atolou-se numa cegueira total.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Dilma muda nossa poupança pra dar mais lucros pros banqueiros

Neste mês do trabalho o povo brasileiro recebeu um presente de grego do governo do Partido "dos Trabalhadores". Apenas uma mudança foi feita na regra das poupanças (que já está em vigor), porém uma mudança significativa: pela regra antiga, a poupança iria sempre pagar no mínimo 6,17% ao ano. Agora, sua remuneração passa a ser atrelada à taxa básica de juros do país (a famosa Selic). Sempre que a Selic estiver abaixo de 9%, a poupança passará a remunerar em torno de 70% da Selic. Isso significa que por enquanto as nossas poupanças não mudam; mas no fim deste mês, o Banco Central irá decidir o novo valor da Selic (que hoje está cravado em 9%), e como a tendência é que que eles baixem ainda mais a Selic, já a partir de junho o trabalhador vai ver a remuneração da sua poupança baixar dos atuais 6,17% para 5,95% ao ano - e essa diminuição é só o começo! Uma sensível diferença, cada vez maior a cada nova baixa da Selic, que sairá dos nossos bolsos direto para engordar os lucros dos banqueiros e grandes capitalistas!

Mesmo com a matemática contra eles, o ministro Guido Mantega e a presidenta Dilma ainda têm a cara de pau de dizer que tal medida é "para o bem do trabalhador". O governo diz que a poupança precisa nos pagar menos para que os juros no país continuem a cair. Então agora o grande culpado por termos as maiores taxas de juros do mundo é a nossa humilde poupançazinha?! A ganância dos grandes especuladores não tem culpa? O desespero desse governo entreguista em tirar cada vez mais do que é nosso pra engordar os lucros dos capitalistas com o bolsa-banqueiro, o pagamento da eterna e impagável dívida pública, não tem nada a ver com isso?

Que os grandes empresários e capitalistas apóiem a decisão do governo do PT de tirar do nosso bolso direto pros banqueiros, isso era de se esperar. Mas o que dizer das grandes centrais sindicais (CTB, CUT e Força Sindical), que ao invés de nos representar, vêm a público apoiar a nova regra? Triste é a classe que, ao invés de ser representada por sindicatos combativos, vive a ser traída por um bando de pelegos e oportunistas...

Exemplos como esse só servem para alertar os trabalhadores que o "país de todos" do governo Dilma/PT, cada vez mais, só é "de todos" para dar ao povo migalhas cada vez menores e aos grandes capitalistas lucros cada vez maiores.

terça-feira, 1 de maio de 2012

O mundo em movimento

No dia 22 de abril, mais de 120 mil colombianos se reuniram em Bogotá para o ato de fundação do movimento político Marcha Patriótica, nova organização de massas contra o regime fascista, contra a recolonização do país pelo capital estrangeiro, pela libertação dos presos políticos e pela paz através da solução política negociada à guerra civil. A resposta do regime foi quase imediata: até agora um assassinado e dois desaparecidos entre os integrantes do movimento; no ar o temor de que se repita o extermínio promovido pelo regime contra os militantes do partido de esquerda Unión Patriótica, ocorrido nos anos 80.

Em Praga, capital da República Tcheca, 150 mil manifestantes se reuniram em protesto contra as medidas do governo de direita que pretende jogar sobre os ombros do povo os custos da crise. Organizada pela central sindical ČMKOS, a primeira grande manifestação popular da história do país desde a contra-revolução de 1989 reflete uma crescente radicalização que pode levar à queda do corrupto e impopular governo e à antecipação das eleições onde, de acordo com as pesquisas, o Partido Comunista da Boêmia e Morávia pode alcançar votação recorde e tornar-se a segunda maior representação parlamentar no país mais anticomunista de toda a Europa!

1º de Maio é dia de luta e resistência dos trabalhadores

(Nota Política do Comitê Central do PCB)

São vários os desafios para a classe trabalhadora neste 2012. A agudização da atual crise do capitalismo desperta a sanha imperialista por novas guerras, como no caso da Síria e do Irã; desmascara o poder dos grandes bancos e das corporações industriais multinacionais sobre a autodeterminação dos povos, como na Grécia e na Itália; e traz mais arrocho econômico e retirada de direitos para trabalhadores de todo o mundo – inclusive de nós, brasileiros.

A crise encontra no Brasil um governo que se alia cada vez mais ao capital e contra os trabalhadores, como comprovam os cortes no Orçamento, de cerca de R$ 50 bilhões em 2011 e outros R$ 50 bilhões agora em 2012, e a retirada de direitos trabalhistas através de legislação que altera a relação entre patrões e empregados nas médias e pequenas empresas.

Dinheiro público pra mídia: isso não é corrupção?

Nos últimos dias bombou na internet um escândalo envolvendo o governo do Estado de Santa Catarina e a RBS, afiliada da Rede Globo no sul do país, quando tornou-se pública a "doação" de R$ 800 mil do governo ao grupo de mídia, sem qualquer licitação, para a organização do concerto de Paul McCartney em Florianópolis. Dinheiro público para mãos privadas! Dinheiro do nosso trabalho dirigido para sustentar o monopólio da mídia! Tudo isso feito por um governador (Raimundo Colombo, do DEMO/PSD) que vive a choramingar que "não tem dinheiro" para os professores do Estado (que agora entram em greve pela segunda vez em poucos meses), que "não tem dinheiro" pra segurança pública, e que, por "não ter dinheiro", agora anuncia a demissão de mil funcionários terceirizados do Estado!

Enquanto isso, em São Paulo... 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Ladrões de palavras

por Eduardo Galeano

De acordo com o dicionário dos nossos tempos, uma boa ação já não é o nobre gesto do coração, e sim a ação bem-cotada na Bolsa, e a Bolsa é o cenário onde acontecem as crises de valores.

O mercado já não é aquele cálido local onde a gente compra frutas e verduras no bairro. Agora se chama Mercado um senhor temível que não tem rosto, que diz ser eterno e nos vigia e nos castiga. Seus intérpretes avisam: O Mercado está nervoso, e avisam: Não se deve irritar o Mercado.

Comunidade internacional é o nome dos grandes banqueiros e dos chefes guerreiros. Seus planos de ajuda vendem salva-vidas de chumbo aos países que eles próprios afogam e seus planos de paz pacificam os mortos.

Nos Estados Unidos, o Ministério de Ataques se chama Secretaria de Defesa, e são chamados de bombardeios humanitários seus dilúvios de mísseis contra o mundo.

Num muro, escrito por alguém, escrito por todos, leio: "Estou com dor até na voz".

domingo, 8 de abril de 2012

O Pico Petrolífero, uma ameaça ignorada

por Jorge Figueiredo*

É um dos paradoxos da nossa época que a questão mais importante do século XXI, aquela que vai marcar a nossa geração e todas as que hão de vir, seja quase totalmente ignorada pela maior parte dos mass media, dos responsáveis políticos, dos economistas e a generalidade da população. Refiro-me ao Pico de Hubbert, ou Pico máximo da produção petrolífera possível no mundo.

Se o petróleo barato e abundante permitiu o desenvolvimento acelerado do mundo no século XX, a situação de penúria no século XXI anuncia um quadro económico totalmente diferente pois não existe qualquer substitutivo para a quantidade de petróleo agora (ainda) consumida pelo mundo (cerca de 85 milhões de barris por dia).

sábado, 31 de março de 2012

Sobre comunistas e seus aniversários

No dia 25 de março completaram-se 90 anos da fundação do PCB. Há uma outra organização política que, mesmo tendo rompido de forma virulenta com o partido que agora completa seu nonagésimo aniversário, reinvidica para si esta data. Porém, a questão que realmente importa não é qual partido que está ou não fazendo 90 anos. Há muito mais a se discutir do que apenas nomes ou datas.

Nada de festa: 64 foi golpe!


Neste fim de semana completam-se 48 anos do golpe militar de 64. Diferentemente de outros anos, os militares já não falam sozinhos. E os ânimos estão exaltados. Militares reformados vieram a público deslegitimar o atual ministro da Defesa, Celso Amorim, e marcaram “festas” e atos para comemorar o golpe. Em declarações à imprensa, escancaram a verdadeira motivação: a insatisfação com a criação da Comissão da Verdade, que ainda não tem seus membros definidos e nem data para início de funcionamento.

terça-feira, 6 de março de 2012

Serra e PSDB: um filme de terror

Em entrevista para a TV essa semana, o tucano e eterno candidato derrotado José Serra demonstrou uma ignorância do tamanho do Brasil ao chamar nosso país, com todas as letras, de "República dos Estados Unidos do Brasil". Marca de uma antiga submissão ideológica assumida e escancarada ao Império estadunidense, este já não é mais o nome oficial do nosso país desde 1967. Perdido no tempo, Serra fica surpreso ao ser corrigido pelo entrevistador, o seu amigo do peito Boris Casoy (pelo menos o nome do país o Boris sabe!)...


O pior é que essa não é a primeira gafe tucana que tristemente vem a demonstrar que, mesmo quando fala de Brasil, a turma do PSDB parece estar com a cabeça em outro país bem mais ao norte, talvez o mesmo que, desde as privatarias de FHC, eles sonham ver anexar o Brasil...

sábado, 3 de março de 2012

A "dama de ferro" e a lei férrea do desemprego

Provavelmente nada reflete melhor o inconciliável antagonismo que há entre os interesses do capitalismo e os do povo trabalhador do que a lei férrea que rege, nos marcos deste sistema, a questão do emprego (e por tabela, dos salários) dos trabalhadores. Não são muitos os que percebem (ou suportam perceber) que, apesar do repúdio "oficial" da mídia privada, dos governos burgueses etc. ao problema do desemprego, na prática um alto nível de desemprego é necessário, na verdade vital, para a saúde imediata do capital. Basta notar que, no capitalismo, a força de trabalho é uma mercadoria como qualquer outra, estando submetida às mesmas leis férreas de oferta e procura. Quanto menor o desemprego (ou seja, maior o equilíbrio entre oferta e procura de trabalho), maior o poder de barganha do trabalhador em relação ao patrão, os salários tenderão a ser maiores, mais pessoas terão uma fonte de renda garantida, maior será o bem-estar geral e... por seus maiores custos com a mão de obra, menores serão os lucros e a saúde do capital! Na situação oposta, maior desemprego, significando procura de emprego muito maior do que oferta, leva a um rebaixamento dos salários, pagos a cada vez menos trabalhadores; pior será a vida da população em geral e... maiores serão os lucros e o bem-estar do capital! Aí está toda a perversidade deste sistema e seu antagonismo principal: o que é bom para o capital é ruim para o trabalho, e vice versa!


domingo, 19 de fevereiro de 2012

A greve do carnaval*


Imagine um dia, talvez um sábado, ou mesmo uma segunda feira de carnaval. As ruas do Rio vazias. Nenhum bloco; nenhum cordão; nenhum baile; nenhum bêbado cantarolando alguma marchinha; nenhum casal brigando por ciúme; nenhum beijo despretensioso. Imaginem um carnaval que os foliões fizessem greve. Não fossem às ruas. Uma greve de carnaval. 

As ruas ficariam desertas. Mais desertas que um início de madrugada de segunda feira. Os comerciantes, estes ficariam em pânicos: os donos dos bares ficariam loucos pensando na “fortuna” por eles gasta para encher seus estoques à espera de foliões e bêbados que não mais apareceriam. A polícia - essa coitada! – perderia grande parte de sua renda extra de extorsão dos foliões exagerados – presas fáceis desse tipo de investimento. Mas o que causaria isso? O que causaria uma greve de carnaval, unindo o folião, o bêbado, os comerciantes ambulantes, os diretores de blocos, os compositores de marchinhas, os sambistas com seus violões e pandeiros?
Esse quadro me foi desenhado por um sujeito que se dizia viajante do tempo, vindo de 2014, ano em que tal fato ocorrera. Eu o encontrara numa rua próxima à Praça XV andando perdido em meio aos blocos com suas camisas cheias de patrocínio e com suas letras que não diziam muito mais do que um montante de vogais.
Ao ser perguntado sobre tal fato, ele responderia direto, com uma certeza nítida: — A velha e conhecida de todos nós, a ganância, a ânsia enlouquecida por lucro, a mercantilização das relações humanas e seus derivados.

O carnaval havia se voltado para o turismo, para os de fora. Tudo invertido na cidade, preparada para servir de vitrine para os gringos. 

Nada contra. Mas se eles são turistas, que aprendam a conviver com as coisas como estão, e não as modifiquem para melhor atender seus desejos de “caricatura de povo”, de "carnaval", de "mulatas", de "malandro sambista". E a Ordem, essa velha inimiga do povo – essa amante de mentes pequenas e positivistas, que tem medo do povo – impediu a brincadeira de ocorrer fora de seus padrões de “choques", intimidando o povo, acabando com os coretos e com a espontaneidade da brincadeira. Favorece – isso sim! – os donos de comércio e bares, que se fecharam nos seus salões com ar condicionado e com suas músicas ao vivo, com seus preços exagerados que afastam o folião autêntico, o brincalhão, o fanfarrão, o bêbado. Tudo fica perfeito para a “playboyzada” curtir com os cartões de créditos patrocinados pelos pais, os mesmos pais que assumiram a organização da festa, a nossa burra elite. 

Foi assim, diante desse quadro que se organizou – ou melhor, que se desorganizou - a greve de sábado foi passando pelo domingo (recorde de presença das missas), pela segunda e, quase terminando na terça feira, foi entrando pela quarta. Logo quando todos achavam que a festa tinha ido para o buraco, quando todos consideravam o fim do carnaval carioca; a morte, tão decretada, do samba... Estourou a festa do povo! 

Num passe de mágica, as ruas foram tomadas não para buscar os bares com seus donos falidos, mas para fazer a brincadeira de rua. Desfilar pela Avenida Rio Branco, pela Presidente Vargas, correndo, brincando, com bate-bola, mascarados, foliões, sambistas, diretores de blocos e claro, nosso amigo de sempre, o bêbado, com seu vasto repertório de sátiras, de marchinhas antigas e filosofias de botequim. 

Foi o ano em que nenhum dinheiro caiu nos cofres da elite. Foi o ano do choque da desordem urbana, pois afinal quem quer manter essa ordem aí? Eu não... 

Assim, meu amigo viajante do tempo entrou numa viela, dessas que tem um monte na cidade, e sumiu gritando: — Viva o povo trabalhador, brincalhão, alegre, folião e claro, combatente, valente e brigão, como deve mesmo ser.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A privataria é tucana?

Para um governo como o de Dilma Rousseff, que se elegeu com a promessa de barrar uma nova onda de privatarias da dupla demo-tucanalha, já seria um escândalo o simples fato de ter privatizado três dois mais lucrativos aeroportos do Brasil (Guarulhos, Viracopos e Brasília, leiloados essa semana). Porém, o escândalo maior fica por conta do que virá a seguir: antes mesmo dos leilões, o banco estatal BNDES já anunciara que pretende usar dinheiro público para bancar até 80% dos investimentos a serem realizados nesses aeroportos... Fica então a pergunta no ar: se privatizaram por causa da dita "ineficiência" do Estado, se privatizaram porque "não tem dinheiro", então como se explica que esse mesmo Estado "incapaz" e "sem dinheiro" tenha que bancar quase na totalidade os novos donos dos aeroportos, com empréstimos a juros de mãe pra filho? E como explicar que o comprador do principal desses aeroportos (Guarulhos) seja na maior parte formado por fundos de pensão controlados por gente do governo?

A retórica neoliberal continua hoje tão vazia quanto nos anos 90, com os fatos mostrando que a privatização só se justifica para aumentar os ganhos pessoais dos grandes capitalistas e de seus amigos políticos. Mas se a farsa é a mesma, o que dirá de seus personagens?

Num momento em que os petistas encomendam um livro pra falar da privataria do PSDB nos tempos de FHC, nada mais pertinente observar que, bravatas de lado, o jogo virou. Mudam as cores da privataria. Sai o verde-amarelo tucanalha, entra o cada vez mais desbotado vermelho do PT.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Cadê os direitos humanos?

Pra essa grande mídia que tanto se preocupa com blogueiros "dissidentes" em Cuba (que por sinal, a julgar por suas infindáveis entrevistas à imprensa estrangeira, parecem ser os "dissidentes" mais livres do mundo); pra essa mídia que tanto se atenta a massacres de "opositores pacíficos" na Síria (de novo, a exemplo da Líbia, a "oposição pacífica" mais bem armada do mundo), dessa mídia tão vigilante no cumprimento dos "direitos humanos" nos países inimigos do "ocidente" (ou melhor dizer, do grande centro capitalista internacional), soa estranho não se ver quase nada sobre as violações dos direitos humanos aqui mesmo no Brasil.

Fingem hipocritamente que direito à moradia não é direito humano. Por obra do governo fascista de Geraldo Alckmin (PSDB), quase 9000 pessoas são expulsas à força de suas casas na comunidade do Pinheirinho em São José dos Campos (SP), para a seguir verem suas casas serem demolidas junto com seus móveis, pertences e recordações, tudo junto transformado em escombros apenas para agradar a um banqueiro corrupto que roubou aquelas terras do Estado através de grilagem, e na imprensa só se fala brevemente e depois deixa-se o assunto morrer. Moradores sem-teto continuam sendo expulsos à força pela polícia de prédios desocupados que poderiam muito bem servir-lhes de moradia, mas por obra da "justiça" capitalista, servem tão-somente à ganância da especulação imobiliária.
Acaso o direito à greve não é um direito humano? Onde estão os direitos humanos dos PMs grevistas da Bahia, que por quererem simplesmente um aumento salarial real (acima da inflação) sofrem das mais diversas ameaças, têm seus líderes expulsos da corporação, presos por "formação de quadrilha", etc? Claro, à mídia só interessa mostrar os excessos cometidos por uma minoria desses grevistas, o aumento da insegurança pública, os prejuízos do comércio (!!), etc. Falar dos motivos que empurraram os PMs baianos na direção de tão duro confronto, imagina, isso não faz parte da função da imprensa livre! E os bombeiros do Rio, presos às centenas pelo governo do Estado apenas por exercer o direito humano à greve? 

Ah, se isso tudo se passasse no Irã, na Venezuela ou em outro país do "eixo do mal"... 

Há nove dias que o jornalista Pedro Rios se mantêm em greve de fome em frente à sede da Globo no RJ, sendo inclusive constantemente hostilizado pela polícia em solidariedade à comunidade do Pinheirinho e em protesto contra a cobertura tendenciosa da imprensa no caso. Alguma letra sequer foi divulgada na imprensa sobre essa greve de fome de um verdadeiro dissidente do regime brasileiro? Pros capitalistas, "greve de fome" de "dissidente" só há quando um bandido comum, preso por agredir a esposa, morre na prisão. Mas claro, somente se isso ocorrer nalgum país "inimigo jurado" dos capitalistas e de sua mídia chapa branca...

Acreditam em coincidências?

Primeiro vem a Gobo com a sua série de reportagens no Jornal Nacional falando sobre a "realidade cubana", pouco antes da visita de Dilma a Cuba e na mesma época em que surge a história da tal "pobre dissidente" que queria vir pro Brasil pra assistir um documentário anti-Cuba, a ser lançado na mesma cidade onde, este ano, realiza-se o Encontro Nacional de Solidariedade a Cuba (Salvador). Então Dilma vai embora de Cuba, é negado o visto à "pobre dissidente" mais milionária do mundo (vide os "prêmios" em dinheiro dados a dita cuja pelas organizações de fachada do Império estadunidense) e eis que, antes do assunto morrer de vez na boca do povo, o "Jornal da Band" decide lançar em horário nobre outra série de reportagens sobre a "realidade" cubana que, em outro sublime exemplo do que a burguesia entende por mídia "livre e imparcial", promete nas suas próprias palavras falar da "repressão ao povo cubano"... De novo a grande mídia privada, como amante do "plurarlismo democrático" que é, se fechará no monolitismo midiático de só mostrar "um lado" da história, a dos "dissidentes" mais livres do mundo (porque "dissidentes" de uma "ditadura" que nunca lhes prendeu, nunca lhes fez sequer um arranhão). De novo, sobre o que o governo e o povo cubanos têm a dizer em sua defesa, silêncio. 

Toda essa onda de ataques coordenados vêm pipocando na mídia precisamente na mesma época em que se completam 50 anos do infame bloqueio econômico do Império contra Cuba. Alguém aqui acredita em coincidências?

Globo, Bandeirantes, Estadão, Folha, Veja, O Globo e outros jornalões sempre tão empenhados em "denunciar" a "realidade cubana" são empresas privadas. Cuba é o único país do hemisfério ocidental que aboliu a grande empresa privada. São capitalistas falando sobre o país que aboliu a classe capitalista! Coindidência a "imparcialidade"? Ou estariam eles tentando justificar o grande aniversariante do momento, o bloqueio contra Cuba, odioso crime de guerra condenado pela convenção de Genebra? E porque aqui no Brasil? Talvez porque, eles sabem bem, somos hoje um dos maiores parceiros comerciais de Cuba, que aos poucos vem ajudando a furar o bloqueio, causa principal da dita "miséria" material em que Cuba se encontra, "miséria" essa que é o carro-chefe das campanhas de difamação contra Cuba. Difamar para justificar mais ataques contra Cuba, tentando-se inutilmente destruir seu incômodo exemplo, o exemplo do socialismo e da solidariedade entre os povos, a alternativa à dominação de patrões, capitalistas e banqueiros sobre nós, trabalhadores e pessoas comuns, num mundo onde o capitalismo cada vez mais perde o controle sobre si e afunda em suas próprias crises.

Mas deve ser tudo coincidência, deixe dessa de ficar elaborando teorias da conspiração!

A propósito, alguém aqui acredita em Coelhinho da Páscoa ou Papai Noel?

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Reflexões de Fidel

Fonte: Granma

"A escolha do candidato republicano para aspirar à presidência desse globalizado e abrangente império, é - digo isso seriamente - a maior competição de idiotices e ignorância que jamais se escutou (...) sabia que seria assim."
Sobre os candidatos das prévias do partido republicano à presidência dos EUA que, entre outras pérolas reacionárias, falam estar torcendo pela morte de Fidel e Raul e têm até defendido abertamente a realização de agressões e atentados terroristas contra Cuba.

"O governo espanhol e a União Europeia, mergulhadas em profunda crise econômica, devem saber a que se ater (...) Ocupem-se primeiro de salvar o euro se puderem, resolvam o desemprego crônico de que em número crescente padecem os jovens, e respondam aos indignados sobre os quais a polícía arremete e golpeia constantemente."
Em resposta à Europa e em especial ao novo governo conservador espanhol, que não por coincidência, ao invés de resolverem os graves problemas de seu povo, tentam desviar a atenção lançando nova onda de ataques contra a Revolução Cubana.

Pergunta: por que será que os capitalistas, ao invés de cuidar do próprio nariz, têm essa obsessão em falar mal de Cuba? Seria o peso na consciência por saberem que, com essa crise mundial do capitalismo, Cuba e o socialismo se tornam um exemplo ainda maior (e mais perigoso) para os povos do mundo?